Falando em Vida

A propósito de um caso que está a correr em Itália, para que seja aplicada a Eutanásia, a Eluana Englara, uma jovem que aos 21 anos teve um acidente de viação que a deixou em coma irreversível,... num estado completamente vegetativo, à já 17 anos,...custa-me acreditar, que em nome de Deus - (Vaticano e Papa) - se chame assassinos, a quem por AMOR e DEVER quer terminar com este sofrimento inacreditável, inconcebível, violento e profundamente injusto para qualquer ser humano.
Como se não bastasse o governo de Silvio Berlusconi, está prestes apresentar um decreto-lei que permita perpetuar esta situação, já que, o tribunal decidiu dar cumprimento ao desejo da família e, certamente, da Eluana, de deixar humanamente, aos poucos, o ciclo que a mantém a respirar.
Sei que é um tema que mexe com os sentimentos mais profundos das pessoas...
Sei, também, que para a família de quem sofre um acidente desta natureza e se vê confrontada com a decisão de decidir, se se desliga ou não a máquina,...deve ser uma dor que está para além daquilo que possamos imaginar...
Mas, é por isso mesmo que quando a vida acaba e se morre clinicamente,ninguém tem o direito de nos manter "viva".
Não podemos ser tão injustos para com essa pessoa que amamos e permitir um sofrimento imenso e em vão.
Juro, por Deus, que me sentiria traída por todos se, depois de morrer, me mantivessem a respirar.
Sofri, também, um grave acidente viação à uns anos atrás e já nessa altura, toda a minha família sabia do meu desejo, de não permitir que me mantivessem "viva"... e caso a minha família não me concedesse esse direito, matariam tudo o que me tinham dado e nenhuma lágrima que chorassem por mim eu reconheceria.
Até hoje e até sempre, esse meu desejo mantêm-se.
Por isso, ao ler esta noticia da pressão feita pelo Vaticano ao governo de Berlusconi, para que trave o processo judicial de permitir à família acabar, finalmente com aquele sofrimento em vão, quase que me deu vontade de dar um grito de revolta.
Suponho que ninguém gostaria de estar na pele de Eluana
E, por sentir que odiaria estar nessa situação e que suplicaria que me ajudassem a sair dela, a minha tristeza e impotência, tornaram a minha angustia maior.
Não é justo, que a imagem que fica dela, não seja a de uma jovem linda de morrer.