
Andando por Lisboa e aproveitando a tolerância de ponto de quinta-feira à tarde,...deixei os transportes e fui a pé do Chiado até StªApolónia.
Foi bom,... porque muitas vezes fiz esse percurso com o meu pai, no sentido inverso Stªa Apolonia Praça do Comércio,...no tempo em que ele trabalhava e sempre que podia,...me levava a mim e ao meu irmão, nessa aventura que era ir de comboio até Lisboa e depois caminhar a pé com explicações de tudo o que era importante conhecer até chegarmos aos barcos enormes atracados no caís de Alcantara.
Lembrei-me bastante desse tempo e das ruas por onde passei,...pouco mudou,...é certo que está diferente,...muitas casas remodeladas, muitas outras que já não existem, como por exemplo as celebres Tabernas, com as portas de ferro verdes e lá dentro as paredes cobertas de azulejos brancos, mesas de madeira castanha e balcões com pedra marmore com copos grossos e pequenos onde os homens pela manhã bebiam aguardente ou vinho tinto, o "MATA-BICHO", como o meu pai nos dizia...
Quando passei pelo Campo das Cebolas,...mesmo ao lado da Casa dos Bicos,...deixei-me ficar por ali e olhei,...senti realmente o passado e vi-me pequenina,... e vi o meu pai e vi o meu irmão,...e vi estas fachadas,...exactamente como dantes...lembrei-me da minha mãe em casa à nossa espera...
Foi bom!...
Senti que o tempo passou e que não foi em vão...
Aprendi e guardei pedaçinhos de felicidade...
Continuei,...sentei-me no comboio, tal e qual como dantes...e vim para a minha casa. Depois fui ver o meu pai...e voltei a lembrar-me desses dias,...dos dias em que eles, os meus pais,... me fizeram aquilo que sou hoje.